Hoje vejo que o VFF KSO preto que comprei na época era muito apertado. Rasgou-se na região dos dedos. E fica aqui um alerta importante: VFFs são perigosos. Eles te permitem correr com forma inadequada e sem proteção. Para começar, é mais seguro descalço. Se tem uma coisa que não mudou de 2011 para cá é que as melhores instruções sobre como começar são estas aqui, do Barefoot Ken Bob Saxton traduzidas (acho) pelo Leonardo Liporati. O Verão talvez seja a melhor estação para começar. Ao menos aqui em Curitiba. Mas é preciso cuidado com o asfalto que pode ficar quente demais em certos horários.
Até onde sei, temos dois grupos online onde simpatizantes do minimalismo e da corrida descalça no Brasil se encontram: o Corrida Descalça no Google Plus e o Corrida Natural no Facebook.
O Corra Descalço (164 membros hoje) tem a vantagem de ter o Leonardo Liporati, nosso grande pioneiro. Mas o problema é: quem usa Google Plus? De todo modo, discussões muito boas acontecem por lá.
O Corrida Natural (136 membros) tem a desvantagem de ser no Facebook. Facebook é uma rede que devemos evitar usar, por várias razões. Mas como muitos usam, lá são compartilhadas experiências de vários corredores brasileiros que treinam descalços e/ou usando calçados minimalistas.
E é claro que devem existir pessoas, amantes do minimalismo e da corrida descalça, fora destes grupos e que postam suas atividades no Instagram, no Facebook, no Twitter... Ou não postam em nenhum lugar mas aparecem descalços nos parques, nas ruas, nas provas.
Hoje em dia, comparado com 2011, há um incentivo extra para o minimalismo: pessoas do mundo paleo/primal divulgam o minimalismo. Um bom exemplo é o Mark Sisson, do site Mark's Daily Apple, fã dos Vibram Five Fingers. E nem é para correr apenas, mas sim para fazer exercícios em geral, mesmo caminhadas ou exercícios funcionais estilo Crossfit, MovNat, Parkour.
Nosso grande problema aqui no Brasil (e não é muito diferente em outros países) é a dificuldade para encontrar calçados minimalistas.
O que é um calçado minimalista? Alguns pontos em comum:
- peso leve
- bastante espaço para os dedos
- drop zero
- solado fino (<10 li="" mm="">
- sem suporte de arco
- amortecimento próximo de zero 10>
É óbvio que a maioria das pessoas não está pronta para este tipo de calçado. Mesmo andando com eles poderão se machucar ao pisar em pedras. Pode ser perigoso para alguns.
Um exemplo de calçado que satisfaz a maioria dos requisitos acima são os VFFs (ou ao menos a maioria dos modelos de VFF, pois existem vários). VFFs foram a vedete do minimalismo em calçados alguns anos atrás. Hoje é muito difícil encontrá-los mesmo em lojas nos EUA. Tanto lá como cá dá para comprar online. Mas aqui tem o problema adicional do frete, do preço em dólar e dos impostos.
No boom do minimalismo algumas marcas entraram e ofereceram bons modelos: New Balance, Saucony, Skechers, Inov-8. Muitas destas marcas saíram do mercado de minimalistas. Outras fingiram entrar, como a Nike com seu falso minimalista Nike Free, que até hoje existe mas é bem pouco útil.
Algumas marcas permanecem firmes: Vivobarefoot, Luna Sandals, Xero Shoes. A Xero acabou de lançar seu primeiro calçado fechado. Antes só produzia sandálias huarache. São empresas pequenas que cobram caro. Mas é melhor que cobrem caro e continuem a existir do que cobrar barato e sumir, deixando-nos sem opção. Outras de que me lembro: Lems, Soft Star. Na loja online Two Rivers Treads, do Mark Cucuzzella, você encontra várias opções.
Bem que o Brasil poderia ter uma empresa dedicada a este tipo de calçado. Mas as únicas iniciativas de produzir calçados minimalistas não são empresariais:
- Sandálias Kobra do Genaro
- Huaraches do Vitor Carrara da Ancestral Running
E são sandálias e não calçados fechados, o que limita seu uso.
É possível encontrar calçados menos proejudiciais em meio às coleções comuns? Às vezes, mas é muito raro. Dia desses comprei um sapatênis em que o amortecimento e o drop estavam na palmilha. Troquei a palmilha e fiquei com algo bom e apresentável para usar no dia-a-dia.
E a Ciência? Alguns esperavam que ela iria mostrar que correr descalço diminui lesões e resolve todos os problemas dos corredores. Não é bem assim. Uma linha de pesquisa interessante é a que estuda como deve ser feita a adaptação. Mas ao menos não surgiu nenhum artigo "demonstrando" que corrida descalça faz mal. Portanto, no mínimo é tão prejudicial quanto correr calçado. E por que não tentar corrida descalça, desde que em ambiente seguro?
Alguns reclamam da estética. Mas estética é algo aprendido e que pode ser modificado. E depende de contexto, claro. Não dá (ainda) para ir a uma reunião formal descalço. Mas correr no parque? Qual o problema? Os olhares e comentários dos outros? Por que se importar com os outros?