segunda-feira, 30 de março de 2009

Frutas e verduras: a dieta do câncer, por José Júlio da Ponte (Jornal O Povo)

Opinião

Artigo

Frutas e verduras: a dieta do câncer

José Júlio da Ponte 
28 Mar 2009 - 00h51min

A FAO tem proclamado em seus boletins de saúde: "O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e, também, o terceiro do ranking em mortalidade por câncer".  
 
Até os anos 60, o câncer era uma doença de escassa frequência em nosso País, com cerca de 2% de óbitos. Todavia, a partir dos anos 90, sua incidência há crescido de foma vertiginosa, em mais de 5.000%. Causa e efeito, justo em um período de dez anos (1976 a 1985), crescia em mais de 600% o consumo de agrotóxicos em nossas lavouras. O crescimento destes - implicado em hortaliças, frutas e gêneros alimentícios envenenados - demandou uma preocupante assiduidade da enfermidade.  
 
Câncer e agrovenenos são números ainda crescentes, em alarmante paralelismo. Ignorantes ou indiferentes a essa assertiva, médicos e nutricionistas - estes por excelência - continuam a prescrever dietas à base de frutas e hortaliças. Tudo bem que o façam, desde que advertissem para o consumo de vegetais saudáveis, oriundos de agricultura orgânica. Lavar frutas e verduras envenenadas em vinagre ou água corrente corrente carece de qualquer validade, eis que os modernos agrotóxicos são sistêmicos, incorporam-se à seiva da planta. O fato é que, em quase todas as famílias, chora-se a perda de um ou mais entes queridos, vitimados pelo câncer.  
 
Curioso é que, amiúde, o governo enceta campanha contra o álcool e o tabagismo, mas nunca contra os agrotóxicos, embora estes vitimem gradativamente a quase totalidade da população, enquanto o álcool e o fumo resumem-se a menos de 15%. Ocorre que as multinacionais os agrovenenos são poderosíssimas. Tomate, batata, repolho e folhosas em geral, trigo, morango, uva, citros, melão, soja, maçã, pêra e mamão alinham-se entre as culturas mais identificadas com agrotóxicos. Inaceitável que pesquisadores e agrônomos, vinculados a instituições governamentais (Universidadades, Embrapa, Emater, etc.) continuem a pesquisar e recomendar agrotóxicos. Por quê? Só sei que, em represália à minha luta contra tais venenos, cassaram-me a bolsa do CNPq que eu detinha há 20 anos. Igual destino teve a minha bolsa da FUNCAP.  
 
JOSÉ JÚLIO DA PONTE  
Professor-emérito da UFC, presidente da Academia Cearense de Ciência

Um comentário:

  1. Fernando Mourão - Fortaleza-CE.1 de abril de 2009 às 10:43

    O Prof. José Júlio da Ponte é um estudioso em doenças de plantas e conhece profundamente os efeitos maléficos do uso excessivo de agrotóxicos nas frutas e verduras.
    Não é a toa que anualmente, milhares de pessoas morrem de câncer no Brasil. Mata mais que o alcoolismo e tabagismo juntos. E o que fazem nossas Universidades, Centro de Pesquisas, Embrapa e outras instituições? NADA!
    Existe um lobby muito organizado defendendo as multinacionais que lucram com a venda de agrotóxicos.
    Ai daquele que fizer oposição ao uso de agrotóxicos no Brasil. Será sumariamente eliminado. Foi o que fizeram o CNPq e a FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio a Pesquisa-CE) ao ilustre professor Júlio da Ponte. Uma tristeza!

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