quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Informática na (des)educação


Um artigo publicado por Ethevaldo Siqueira no jornal O Estado de São Paulo (Não abandone seu filho diante da internet - ver abaixo) está repercutindo na sociedade. Ele cita várias idéias já divulgadas anteriormente pelo professor Valdemar Setzer (IME-USP). A repercussão levou o professor Valdemar a ser convidado para falar no programa de televisão Roda Viva, da Tv Cultura, nesta segunda-feira 01/12 (ver abaixo).

Destaco o parágrafo final do artigo do Ethevaldo:
"Uma das principais razões alegadas pelos pais para permitir o acesso das crianças à internet refere-se a trabalhos e projetos escolares. É urgente, portanto, conscientizar os professores do imenso perigo a que lançam as crianças e jovens, sem falar nos prejuízos para a educação."


---------- Forwarded message ----------
From: Valdemar Setzer
Date: 2008/11/27
Subject: MInha entrevista no Roda Viva



Olá, a todas/os,

Na 2a. feira dia 1/12 às 22h10 serei entrevistado pelo programa Roda Viva na TV Cultura, sobre meios eletrônicos e educação. Espalhe a notícia, quem sabe vou conseguir transmitir algo decente. O convite da TV Cultura foi motivado pelo artigo de Ethevaldo Siqueira no Estadão de domingo, 23/11/08, veja em

http://www.ethevaldo.com.br/Generic.aspx?pid=386

Depois do programa, o vídeo deverá ser arquivado em

http://www.tvcultura.com.br/rodaviva

na seção "arquivo".

Veja também minha entrevista de 12/11/08 à TV Jovem Pan Online, em

http://jovempan.uol.com.br/jp/media/online/index.php?view=20578&categoria=149%20%20

Aguardo críticas.

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa,

Valdemar W. Setzer - Dept. of Computer Science, University of São Paulo
http://www.ime.usp.br/~vwsetzer - please REPLY TO vwsetzer (at) ime.usp.br

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http://www.ethevaldo.com.br/Generic.aspx?pid=386
Não abandone seu filho diante da internet

23 de novembro de 2008

O mundo vive uma época de endeusamento da tecnologia. Nicholas Negroponte, criador do MediaLab e ex-professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), organiza um movimento mundial para dar um laptop por criança (Programa OLPC, sigla de One Laptop Per Child), como se o computador pudesse fazer o milagre de melhorar a qualidade da educação.

Com a mesma intenção, pais e professores estimulam o uso da internet por crianças e adolescentes, sem lhes dar qualquer orientação e, em especial, sem vigiá-los no uso da rede. O resultado menos negativo é a pura dispersão e desperdício do tempo dos jovens com joguinhos e sites impróprios sem qualquer valor educativo.

Governos anunciam planos para cobrir o País com a banda larga e levar a internet a todas as salas de aula – muito antes de preparar seus professores, pagar-lhes um salário digno e dar às escolas o mínimo de conforto e segurança. A maioria dos estudantes já faz "pesquisas" no Google, simplesmente colando textos, sem compreendê-los, sem nenhuma leitura atenta, sem reflexão e sem nenhum espírito crítico.

O que acontece no âmbito familiar é ainda mais preocupante. Se o leitor é um dos milhões de pais que não se importam com o que seus filhos estão vendo na internet, não deixe de ler o livro Como Proteger seus Filhos na Internet, tradução do original americano How to Protect Your Children on the Internet: A Road Map for Parents and Teachers, de Gregory S. Smith, Westport: Praeger Publishers, 2007, que será publicado em 2009 pela Editora Novo Conceito.

Para o professor Valdemar Setzer, do Departamento de Ciências da Computação e do Instituto de Matemática e  Estatística da Universidade de São Paulo (USP), em resenha sobre a obra em seu site, o livro de Gregory Smith "é um apelo aos pais no sentido de tomarem consciência do que é a tecnologia da internet e como restringir seu uso por crianças e adolescentes para que essa rede não seja mal usada por seus filhos, colocando-os em perigo".

O LIXO CIBERNÉTICO
É bom lembrar que, por mais benefícios que a internet nos possa trazer, quase metade de seu conteúdo é lixo da pior qualidade, que inclui pedofilia, armadilhas criminosas, propaganda nazista, instruções de como cometer suicídio (com conseqüências trágicas para vários jovens), violência e tentativas de fraude e furto de identidade, assédio e exposição a conteúdo sexual, venda e distribuição de drogas – além da disseminação de vírus e softwares espiões que invadem nossos computadores, furtam nossa identidade e transmitem a terceiros nossos dados pessoais, números de contas e senhas.

O maior perigo para os menores são as armadilhas de pedófilos e predadores, a inadequação de muitos conteúdos da rede mundial e, como diz G. Smith, o fato de todas as crianças e adolescentes serem naturalmente ingênuos, o que muitas vezes não é reconhecido pelos pais.

A propósito, a União Internacional de Telecomunicações (UIT), com sede em Genebra, lançou uma campanha de âmbito mundial, conclamando todos os países a "proteger a população das ameaças cibernéticas, em especial quando elas têm como alvo as crianças". Na realidade, a proteção principal deveria vir dos pais e das escolas.

Mesmo reconhecendo esses perigos, a maioria dos pais quase nada faz para evitar que seus filhos acessem a internet – no lar, na escola, na casa de amigos ou nos cibercafés – e corram os mais sérios riscos de se tornarem vítimas de criminosos de todo tipo.
 
INTERNET PARA QUÊ?
O professor Setzer não considera que haja nenhuma necessidade de uma criança ou adolescente usar a internet. "Mas se algum pai achar, erroneamente, que isso é essencial para seus filhos, minha recomendação é que esteja sempre, constantemente, ao lado deles enquanto usam a internet, controlando as páginas acessadas".

A mesma consideração vale para o computador: "Aprender a usá-lo também não é necessário. Certamente todos os adultos de hoje com mais de 30 anos não aprenderam a usar um computador quando crianças, e aprenderam facilmente a fazê-lo quando adultos. Não se pode permitir que uma criança use sozinha um computador, carregando nele, por exemplo, os programas que bem entende (na verdade, não entende)".

Em uma família, um computador deve ser sempre dos pais e nunca de uma criança ou jovem. O maior problema é que muitos garotos têm computador em seu quarto de dormir, totalmente fora do controle dos pais. "Ora, o projeto Um Laptop por Criança visa justamente dar um computador a cada criança, que o levará a todos os lugares (enquanto não for furtado), podendo naturalmente usá-lo sem nenhum controle", adverte o professor Setzer.

Uma das principais razões alegadas pelos pais para permitir o acesso das crianças à internet refere-se a trabalhos e projetos escolares. É urgente, portanto, conscientizar os professores do imenso perigo a que lançam as crianças e jovens, sem falar nos prejuízos para a educação.


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Um comentário:

  1. Não consegui encontrar o video da entrevista do Prof. no programa Roda Viva. Seria interessante se vc pudesse colocar o link em seu site.

    Desde já agradeço a atenção

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