sábado, 1 de dezembro de 2012

Os pés do corredor descalço (ou: quem pode mais pode menos: a realidade minimalista)

Texto de Daniel Dubois, traduzido livremente por Arnoldo Boson Boson, revisado por Emmanuel Pillet.

Si vous comprenez le français, lire le texte original en http://www.daniel-barefoot-runner.com/article-le-pied-du-coureur-barefoot-112844973.html.

Daniel A. Dubois, Osteopata Esportivo, autor do texto.

Escrevem-se muitas coisas a respeito da corrida descalça, mas sempre inexatas, para não dizer intencionalmente erradas e, evidentemente, algumas pessoas não perdem a oportunidade de transferir essas falácias para os calçados minimalistas também, alertando os simpatizantes dessa modalidade quanto às supostas nefastas consequências desta prática. Mas tudo não passa de invenções ou realidades distorcidas.

Eis aqui, ponto por ponto, a realidade, a justificação visual e a explicação de apoio. Nada mais demonstrativo do que observar as características dos pés habituados a pisarem no asfalto e nas trilhas com toda liberdade feito os meus.

Freqüentemente somos recriminados por ausência de provas científicas que possam embasar nossas publicações, mas não se pode contestar aquelas da observação direta (que se multiplicam!). 

As fotos abaixo foram tiradas, depois de uma limpeza superficial dos pés, e ao término de uma corrida de 18 km pela cidade, alternando asfalto, ruas pavimentadas e cascalhos.

Primeiramente, observa-se de imediato a diferença entre os pontos de apoio sob o antepé, característica da pisada do mediopé, já menos protuberante sobre a borda externa e totalmente inexistentes sob o calcanhar onde a pele manteve a coloração "normal".

 
Passemos em seguida ao jogo das perguntas e respostas (os números correspondem aos da foto)


 

1 - A pele vira um casco? Falso!

 
Nota-se bem que a textura da pele é perfeitamente macia assemelhando-se mais a um couro ou a uma borracha lisa que a um casco de cavalo.

 
Por outro lado, pode-se visualizar bem como o tecido profundo da pele fica mais espesso, formando algumas protuberâncias constituídas de gorduras que funcionam como uma perfeita proteção às mais diversas exigências do solo. Essas camadas gordurosas são adquiridas logo na fase de transição e não nos impedem, de modo algum, de perceber as sensações grosseiras como, por exemplo, a natureza do solo, temperatura e etc.; entretanto, neutralizam eficientemente a sensação de dor.


 

Ao começar correr descalço essas protuberâncias se formam em poucos meses, mas se a pessoa opta por calçado minimalista, a sola deste substitui integralmente o referido tecido natural, e também assegura e protege os pés, sem interferir na ideia de correr natural e da pisada característica dos corredores descalços.

2- Sim sim!! Tem cascos no calcanhar? Verdade! (mas não por correr descalço) 


E isso confirma perfeitamente aquilo que nós escrevemos acima: na pisada descalça não se usa de modo efetivo o calcanhar, enquanto os sapatos, sobretudo quando se trata de sapatos baixos (tipo os de bailarinas ou Newfeel (tM) como no meu caso) favorecem, pelas pressões a esse nível, uma queratinização excessiva da pele!! (cqd)

Conclusão, correr descalço evita enrijecimento (casco) da pele dos pés, como dissemos, a prova está sob seus olhos!...

3-  Correr 18km na cidade ou por trilhas sem se machucar é impossível? Falso!

Há os que correm até 42,195 km, certamente sem quebra de recordes, mas também sem se machucar diretamente ou indiretamente, o que não é o caso de alguns dos defensores dos amortecimentos artificiais...

Sobre a foto pode ser visto um pequeno hematoma ao meio da borda externa, certamente devido a uma pedra no caminho, na qual pisei mas não senti nada, essa marca sumirá dentro de 48h!

Uma pequena colaboração em relação a vidro. O vidro pode ser visto a vários metros de distância pois ele brilha sempre. E quem diz que se cortou pisando em algum deles, deveria precisar onde foi esse acidente, pois provavelmente ocorreu quando ele corria na grama, na areia e etc.


 

4 - Quem corre descalço necessita de cuidados especiais para a pele? Falso!

O cuidado é só no que se refere a higiene como todo mundo deve fazer.


4 comentários:

  1. Adolfo bom dia muito boa essa informação aqui sobre correr descalço a mídia é fogo tem o poder de alcançar muitas pessoas e deturpar certas coisas eu jamais me vejo correndo descalço, ainda mais em ruas e trilhas já pensou pisando numa garrafa quebrada, parafusos ou pregos e ainda mais numa trilha em pedras e espinhos??? Bom eu não correria assim.

    Bons treinos,

    Jorge Cerqueira
    www.jmaratona.com

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    Respostas
    1. Jorge,

      Em ruas da minha cidade é tranquilo. Não tem tanto lixo assim na rua. Tem vidro, tem pedra. Mas eu consigo enxergar e desviar. Sim, os olhos são nossa maior proteção, mesmo para quem corre calçado. Já soube de gente que se machucou gravemente correndo calçado por ter pisado numa noz (foi na Costa Rica).


      Trilhas são um caso à parte. Tem gente que usa calçados minimalistas em trilhas pelas razões que você listou (pedras e espinhos). Eu usaria se corresse em trilhas (não corro). Mas tem alguns que vão descalços mesmo e simplesmente desaceleram quando encontram algo mais arriscado. Veja este vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=P2Ob9NfOAvo

      Bons treinos,

      Adolfo

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  2. Antes da invenção dos calçados, não havia asfalto ou calçada. Corríamos em trilhas. Gebrselassie corria pra escola descalço e duvido que fosse em uma bela pista asfaltada. Nosso pé se adapta. Demora um pouco mais, mas se adapta.

    http://www.youtube.com/watch?v=3nwbzpyterI

    Nesse vídeo, o Ewan corre num ritmo bem razoável…

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